O livro "A Prática da Psicoterapia" (Jung, 1952) reúne textos do autor sobre a prática psicoterapêutica no sentido de trazer contribuições ao problema da psicoterapia e à psicologia da transferência.
No âmbito da Arteterapia, é sabido que os mediadores artísticos como recurso à imaginação, ao simbolismo e à metáforas enriquecem e incrementam o processo terapêutico. A triáde sujeito-objeto-terapeuta facilitam a comunicação, a objetivação das relações, a reorganização dos objetos internos, a expressão emocional significativa, o aprofundar do conhecimento interno (Sociedade Portuguesa de Arteterapia, 2015). Assim, considerando a interação entre o sujeito, o objeto de arte (produto) e o terapeuta, surge a seguinte questão: quais as contribuições desta obra de Jung para a prática do arteterapeuta?
Nessa perspectiva, visando responder as inquietações do arteterapeuta em formação - permanente,
fiz alguns recortes da obra de Jung que considerei relevantes para a prática da Arteterapia e para que o arteterapeuta reconheça, no campo da terapêutica, seu núcleo de conhecimento, seus limites e suas perspectivas na área da saúde.
Jung acreditava que o psicoterapeuta seriamente empenhado em compreender o homem inteiro deveria entender o simbolismo da linguagem dos sonhos. E esta, como toda linguagem, também necessitará de conhecimentos históricos para sua interpretação. Assim, o conhecimento da
linguagem simbólica dá condições ao terapeuta ajudar seu cliente a sair do egocentrismo
em direção à horizontes mais amplos de sua evolução social, moral e espiritual.
linguagem simbólica dá condições ao terapeuta ajudar seu cliente a sair do egocentrismo
em direção à horizontes mais amplos de sua evolução social, moral e espiritual.
Princípios básicos da prática da psicoterapia
A psicoterapia é um campo da terapêutica, que se desenvolveu e atingiu certa autonomia a partir do do século XX. Pouco a pouco foi se constatando que a psicoterapia se trata de um tipo de procedimento dialético. Entretanto, distanciou-se da concepção original passando a ser aplicada de forma estereotipada por qualquer pessoa, para obter um efeito desejado. Isto se deve entre outros fatos, a necessidade de reconhecer que era possível interpretar os dados da experiência humana. Daí, muitas escolas desenvolveram diferentes métodos tais como: "terapia pela sugestão" de LIEBEAUT-BERNHEIM, a "persuasion" de BABINSKI, a "psicanalise" de FREUD, Cada um desses métodos e teorias tem razão de ser pelo êxito de seus respectivos pressupostos. As contradições, entretanto, põe em evidência as dificuldades que o objeto da investigação coloca à inteligencia do pesquisador. Isto porque a individualidade do sistema psíquico é infinitamente variável, e o resultado é uma variabilidade infinita de afirmações de validade relativa (grifo meu).
Nessa perspectiva, segundo Jung, se na qualidade de psicoterapeuta, este se colocar como autoridade diante do paciente e tiver a pretensão de saber algo sobre sua individualidade e fazer interpretações a seu respeito, o terapeuta demonstrará falta de espírito crítico, pois não estará reconhecendo que não tem condições de julgar a totalidade da personalidade que está a sua frente. Por isso. se eu estiver disposto a fazer um tratamento psicoterapêutico de um indivíduo, precisarei renunciar à superioridade no saber, a toda e qualquer autoridade e vontade de influenciar. Deverei, então, optar necessariamente por um método dialético, que consiste em confrontar as averiguações mútuas, sem limitá-lo pelos meus pressupostos.
Nessa perspectiva, segundo Jung, se na qualidade de psicoterapeuta, este se colocar como autoridade diante do paciente e tiver a pretensão de saber algo sobre sua individualidade e fazer interpretações a seu respeito, o terapeuta demonstrará falta de espírito crítico, pois não estará reconhecendo que não tem condições de julgar a totalidade da personalidade que está a sua frente. Por isso. se eu estiver disposto a fazer um tratamento psicoterapêutico de um indivíduo, precisarei renunciar à superioridade no saber, a toda e qualquer autoridade e vontade de influenciar. Deverei, então, optar necessariamente por um método dialético, que consiste em confrontar as averiguações mútuas, sem limitá-lo pelos meus pressupostos.
Jung destaca que o método dialético foi utilizado dentro da evolução da psicoterapia. A formulação dialética se dá na interação psíquica, que nada mais é do que a relação de troca entre dois sistemas psíquicos. Entretanto, Jung chama atenção para a constatação de que existem conteúdos psíquicos essenciais, cuja interpretação pode ser dúbia, apontando a gravidade da aplicação despreocupada de teorias e métodos.
Aqui chamo atenção para o arteterapeuta para não incorrer em "desvios" citados por Jung, a saber: todo o método cujo princípio básico diz que: "o individual não importa perante o genérico" pertencem aos métodos que impõem e aplicam o conhecimento de outras individualidades e a interpretação delas.
(Continuarei trazendo outros pontos para reflexão. Se você gostou, deixe seu comentário!)
Olá, Debora!
ResponderExcluirGostei muitíssimo dos recortes que você postou, especialmente o que tange a dialética profissional/atendido. Jung tem uma frase perfeita que diz "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana"
Seu blog está muito bonito e todas as informações catalogadas de maneira fácil. Sou muito agradecida pelo conhecimento disseminado aqui. Continue compartilhando e avançando neste caminho que estaremos juntinhas te seguindo, um grande beijo!
Rosangela Lopes Faria
Rosângela, seu comentário me estimula ainda mais a continuar nessa caminhada. Obrigada!
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