Compreender a simbologia da Montanha dos Adeptos facilita a compreensão da analogia feita com o Processo de Individuação de Jung. Vejo como algo quase que poético a transformação dos conflitos internos do ponto de vista simbólico tal como é traduzido pela Montanha dos Adeptos. Pensar que um longo processo de transformação dos conteúdos inconscientes reprimidos é algo tão complexo e ao mesmo tempo libertador é fascinante! É doloroso, posto que queima, arde e dissolve sua dor mais profunda. Daí, o autoconhecimento, o saber, a transformação. Assim, vejo a Montanha dos Adeptos independente de outras crenças, simplesmente, uma analogia poética da minha própria transformação:
A Montanha dos Adeptos, nesta gravura de Stephen Michelspacher (ALCHIMIA, 1654), contém os quatro elementos, Fogo, Ar, Água, Terra e todas as fases de iniciação do adepto "vendado" (ignorante), até chegar ao Templo escavado na rocha representado pelos degraus: Calcinação / Sublimação / Dissolução / Putrefacção / Distilação / Coagulação / Tintura - um dos nomes do Elixir de Vida, ou de Sabedoria, ou da Pedra Filosofal.
A Fénix, ave da transformação maravilhosa das cinzas em nova vida, múltipla e colorida com as suas penas, coroa a cúpula do Templo ornado do Sol e da Lua (o macho e fêmea, que no seu interior serão unidos).
Não é por acaso que o adepto vendado, à direita, tem do lado esquerdo um companheiro (reflexo do que ele virá a ser) perseguindo dois coelhos que correm para a toca; os coelhos são aqui figurações da fecundidade e da mutiplicação ( são dois ), a benção que a iniciação e a Pedra concedem.
O que se multiplica é o Saber; o que se fecunda é o Espírito e a Alma, que no adepto tornado clarividente, já não estão separados, estão integrados no Corpo que se sublimou e se pode redescobrir na sua totalidade física e psíquica.
Ler uma gravura alquímica é como ler um tratado. A gravura contém todos os segredos, prontos a ser descobertos pela meditação repetida e cuidadosa. Muitas imagens remetem para outras, "conversam" entre si, por isso nos dizem que é preciso ler muito, estudar com aplicação, como em qualquer outra aprendizagem.
Neste espaço, a Montanha dos Adeptos é apresentada como analogia ao Processo de Individuação (C.G.Jung) do sujeito em busca de sua essência.
(Fonte: Yvette Centeno, Simbologia e Alquimia)
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